Percepções #004 - Duas árvores



"E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal."

Gênesis 2:9

Luz e trevas, Sol e Lua, firmamento e céu, Terra e mar... Os pares da Criação me intrigam.
Desde pequeno eu acreditava (não sei por que) que Deus havia criado no meio Éden, além das muitas árvores não-nomeadas, apenas a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Mas não: além desta, ele criou a Árvore da Vida.

Duas árvores no meio do Jardim. Por quê?

E por que, pouco tempo depois, Deus diria que, ao comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, o homem certamente morreria? Por quê uma árvore da vida e uma “da morte”?
E por que Jesus, muito tempo depois, diria “Eu sou o caminho, a verdade... e a VIDA”?
Eu creio que Jesus estava desde o princípio naquele Jardim. Creio que ele era aquela árvore, a Árvore da Vida. E creio também que, no jardim que é a minha vida, há também estas duas árvores, e todos os dias eu sou desafiado a me alimentar de Cristo Jesus, mas (assim como meus pais erraram no paraíso) eu continuo errando, escolhendo o fruto da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

Pois eu prefiro a minha Justiça do que a Graça de Cristo. Prefiro confiar no que sei, nas minhas concepções de certo e errado, prefiro confiar nos meus julgamentos, prefiro confiar na minha força de escolha, prefiro confiar na minha lei, nas minhas regras, na minha inteligência... Prefiro acreditar que eu realmente sei o que é bom e o que é mal, e que consigo por conta própria separar os dois e optar pelo que é bom.
Com isso, sou alimentado por uma falsa sensação de superioridade, por uma falsa sensação de controle, alimento meu ego, alimento meu senso de justiça...

E por várias vezes me vejo, com uma pedra na mão, pronto para lançá-la em uma pecadora POR QUE ELA ERROU!
Sim, ELA não soube escolher o bem, mas escolheu o mal; ELA falhou, Ela tropeçou, ELA merece a morte que aquele fruto, desde o início,prometeu...

Até que Cristo me diz “Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra”.
Nesse instante aquela pedra começa a ficar pesada, minhas mãos não mais agüentam segurar.
Um suor frio escorre pelo meu rosto, uma terrível fraqueza invade cada célula do meu corpo. Não consigo fazer mais nada.
Fecho os olhos.
Quando abro, eu não sou mais o homem com a pedra, mas sou aquela mulher, rodeada por fariseus furiosos. E, um a um, eles partem. Cristo se aproxima, e ele poderia me acertar com uma pedra, mas não o faz. Ele me perdoa.

Como eu me arrependo de ter comido aquele fruto...

Meu convite é: pegue seu machado.