Percepções #002 – Varanda


"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo."

Apocalipse 3:20

Como diz meu querido amigo Esdras Oliveira, só falta um versículo na Bíblia: “Jesus era maluco.” Eu concordo plenamente com ele. Acho que Paulo deve ter pensado em escrever isso, mas logo veio à consciência: “Eu não vou escrever isso, devo estar delirando!”. Não, Paulo, se assim você tivesse escrito, não estaria cometendo um erro. Jesus era maluco. Pois só um maluco faria o que Ele fez. Deixar o céu e toda sua glória, tornar-se homem e, não satisfeito, tornar-se servo e, não satisfeito, ir à minha porta.

Por que, o mais lógico é que eu desse o meu jeito de caçá-lo. Que gastasse a minha vida toda buscando ir ao céu, afinal de contas EU preciso dele. Mas ele sempre soube que eu não o alcançaria, ou o meu orgulho me impediria de ir buscá-lo. Então, ele se aproximou de todas as formas: vindo como homem... tornando-se servo... deixando o conforto de sua casa, virando a esquina, indo à minha rua, entrando pelo portão do meu quintal, indo até a varanda e batendo a minha porta. Ele foi o mais próximo que lhe era permitido. Não por que ELE precisava de minha companhia, mas por que EU precisava de sua companhia. O nome disso? Amor. E amor de verdade é maluquice.

Faça chuva ou faça sol, no frio ou no calor, Jesus não sai de minha varanda, mas não entra em minha casa, pois eu não abro a porta. As pessoas passam, observam ele e dizem “Jesus, vá embora! Você tá fazendo papel de bobo! Não vê que não é bem vindo? Ele lá dentro está no conforto de sua casa e você aí fora, passando por poucas e boas à toa... Por que não vai pra casa?

E ele permanece. Por que sabe que o suposto conforto do meu lar não é tão melhor que a varanda quanto parece. Ele sabe que preciso dele aqui dentro, mas ainda não tive forças pra abrir a porta. Ele passa meia hora, uma hora... uma semana.. ele vive uma vida inteira à minha porta se for preciso. Ele morreu para estar em minha varanda, mesmo que eu nunca o convide para entrar. Ele bate, ele chama, ele deixa claro que se importa.

Tenho dois convites: Primeiro, deixe Jesus entrar. Você sabe que é preciso. Ele deixou o céu, veio à Terra, veio à sua rua, veio à sua varanda e bateu na sua porta. O mais difícil ele já fez, e agora é a sua vez de fazer sua parte, não por Ele, mas por você mesmo.

Segundo: Faça também por Ele. E, pra fazer por Ele, faça pelo outro
Você consegue amar assim, a ponto de abrir mão de seu orgulho e habitar à porta dos que precisam? Você está disposto a tudo sofrer à porta, tudo crer à porta, tudo esperar à porta, tudo suportar... à porta? 
Não é por você, é pelo outro. É por saber que o próximo precisa de você mesmo que ele não reconheça isso (Assim como nós, em muitos momentos da vida, não reconhecemos que precisamos deixar Jesus, que está a porta, entrar e ceiar conosco). 

Amar de verdade é ir o mais longe possível que lhe é permitido ir. Abrindo mão de qualquer sentimento de superioridade ou de qualquer defesa de reputação. É se entregar por inteiro, é passar o frio e o calor, o sol e a chuva, é suportar todos os males da varanda. Por que o lugar mais longe que você pode ir é à porta. Esteja lá, pois nunca se sabe quando ela pode se abrir.